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Macacos ameaçados de Minas Gerais

  • Foto do escritor: Instituto CVS
    Instituto CVS
  • 14 de dez. de 2024
  • 4 min de leitura

O que chamamos popularmente de “macacos” são mamíferos pertencentes à ordem Primates, que inclui lêmures, macacos, bugios, micos, chimpanzés, gorilas e, claro, os seres humanos! Essas espécies possuem tamanhos e características corporais bastante diversas, mas compartilham traços marcantes, como dedos ágeis e mãos adaptadas para agarrar, muitas vezes com polegares oponíveis. Primatas também possuem visão bem desenvolvida, com olhos voltados para frente, o que proporciona uma excelente percepção de profundidade. Sua dieta varia bastante, podendo incluir frutas, folhas, sementes, insetos e até mesmo carne. Outro ponto interessante é que muitas espécies de primatas possuem complexos comportamentos sociais e níveis elevados de inteligência, sendo conhecidos por sua capacidade de aprender e usar ferramentas!


No Brasil, 35 espécies de primatas estão em risco de extinção de acordo com a Lista Oficial De Espécies Da Fauna Brasileira Ameaçadas De Extinção. Dessas, 4 espécies de primatas ameaçados de extinção ocorrem em Minas Gerais. No conteúdo de hoje, para não deixar o Dia do Macaco passar em branco, você vai conhecer essas espécies, o porquê de serem ameaçadas e entender a importância da preservação desses animais!


Muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus)


Uma mãe muriqui-do-norte e seu filhote. Foto: João Marcos Rosa, via National Geographic


O muriqui-do-norte é endêmico à Mata Atlântica brasileira e ocorre nos estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. São primatas altamente arborícolas, suas adaptações como seus longos braços e cauda preênsil são ideais para a sua locomoção de galho em galho. Sua alimentação é baseada principalmente em frutos, folhas e flores, o que os torna importantes dispersores de sementes.


Mapa de distribuição. Fonte: IUCN.


Assim como a da maioria dos primatas, os muriquis vivem em grupos sociais complexos, com hierarquias bem definidas. A vida em grupo possibilita a proteção contra predadores, maior eficiência na busca por alimento e aprendizado social.


Eles possuem sistema de acasalamento promíscuo, significando que as fêmeas podem copular com vários machos. A gestação dura, em média, 7 meses e quando o filhote nasce é amamentado por dois anos, dessa forma, o intervalo de uma gestação para outra costuma ser de três anos. A partir dos 5 anos, machos e fêmeas atingem a maturidade sexual, entretanto, as fêmeas só têm seus primeiros filhotes pelo menos dois anos após se juntarem a um grupo.


A espécie é considerada Criticamente em Perigo pela avaliação nacional e pela IUCN. Pensando nisso, foi elaborado o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Muriquis, que mais tarde serviu para subsidiar a implementação do PAN Muriquis. Além dos planos, alguns projetos trabalham com um conjunto de ações para sua conservação como o Preserve Muriqui e o Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB).



Sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita)


sagui-da-serra-escuro. Foto: Rodrigo Bramili/PREA


O Sagui da serra escuro possui uma pelagem escura e seu rosto traz uma máscara branca que emoldura os olhos, nariz e boca, se parecendo com uma caveira, por isso é apelidado de “sagui-caveirinha”! É um primata endêmico ao Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Ele habita floresta estacional semidecidual, floresta ombrófila densa, frequentemente com abundância de bambus.


Mapa de distribuição. Fonte: IUCN.


É um insetívoro-frugívoro, incluindo em sua dieta uma grande variedade de frutas, sementes, insetos e até mesmo uma espécie de fungo encontrado em bambus! Sua reprodução é diferenciada, pois geralmente apenas a fêmea dominante do grupo se reproduz, tendo 1-2 filhotes por ninhada.


A espécie é classificada como Em Perigo pela avaliação nacional e pela IUCN. Além de ameaças como expansão urbana, atropelamentos e incêndios florestais, a espécie sofre com a competição com espécies exóticas e hibridação (processo em que duas espécies diferentes se reproduzem, gerando um híbrido que pode ser infértil), que são consideradas bastante intensas! Pensando em sua conservação, a espécie foi incluída no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos da Mata Atlântica Central.



Sagui-da-serra-claro (Callithrix flaviceps)


 Sagui-da-serra-claro. Foto: Sarisha Trindade


Distribuído  de Minas Gerais à Espírito Santo, o Callithrix flaviceps, conhecido como sagui-da-serra-claro é uma espécie de primata endêmica do Brasil e assim como o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), ocorre exclusivamente na Mata Atlântica, mas apresenta diferenças marcantes na aparência! 


Mapa de distribuição. Fonte: IUCN.


Também é um insetívoro-frugívoro, ou seja, sua dieta inclui espécies de frutas, sementes e insetos e sua reprodução se assemelha ao sagui-da-serra-escuro, com geralmente apenas a fêmea dominante do grupo se reproduzindo, tendo 1-2 filhotes por ninhada.


A espécie é classificada como Em Perigo pela avaliação nacional e pela IUCN e sofre com a competição com espécies exóticas e hibridação, também fazendo parte do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos da Mata Atlântica Central.



Guigó (Callicebus personatus)


Callicebus personatus. Foto: Gabriel Bonfa


O Guigó  é endêmico ao Brasil, onde está presente no centro e norte do Espírito Santo e nordeste de Minas Gerais. Habita formações florestais da Mata Atlântica e sua dieta é predominantemente composta por frutos, folhas e flores.


Mapa de distribuição. Fonte: IUCN.


Uma curiosidade é que foi documentado que a espécie pode ser geofágica, o que significa que às vezes comem solo, o que é no mínimo diferente já que são macacos que vivem nas árvores e não é comum encontrá-los no chão da floresta! Além disso, os grupos no gênero Callicebus são geralmente compostos por um casal reprodutor unido em monogamia de longo prazo e que possuem um filho por ano.


Por ter sua distribuição restrita e em uma das áreas mais densamente povoadas do Brasil, gerando grande desmatamento, a espécie sofre com a perda e fragmentação contínuas de habitat, o que a levou a ser classificada como Vulnerável pela avaliação nacional e pela IUCN.




Texto por: Nicole Pavan

Revisado por: Jéssica Amaral Lara e Vivian Resende





 
 
 

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